sexta-feira, junho 03, 2005

Alimentar o Monstro

Alimentar o monstro
Usando a metáfora certeira, a despesa pública no estado em que está é como um monstro que come o nosso mísero rendimento. Ora, se algum de vocês tivesse um “bicho” desses lá em casa (ou mesmo se fosse apenas um rato ou uma barata) o que faria? Ver-se livre dele seria o que um “bom chefe de família” faria. Mas não um Primeiro-ministro, um Primeiro-ministro dá-lhe de comer. Não é para isso que vai servir o brutal aumento de impostos agora anunciado?

Fomos enganados!
O Sr. Primeiro-Ministro disse, na quarta-feira 25 de Maio, que tinha a consciência que, ao aumentar os impostos, estava a violar uma promessa, mas que seria a única promessa que iria quebrar.Pois, Sr. Primeiro-ministro, não é simplesmente a única: é a promessa mais importante! Aliás, pode dizer-se que era a única realmente importante para a grande maioria dos eleitores. Na verdade, não fez muito mais promessas e as que fez significam um aumento da despesa pública inútil, mais um sugar dos nossos impostos para quase nada.
Soube-se, entretanto, que o Governo se prepara para quebrar outras (das poucas) promessas que fez. Com efeito, percebeu-se pelos números do programa de estabilidade e crescimento que afinal já não vão ser criados os tais 150 mil novos empregos.
E aquela de só ser admitido um funcionário público por cada dois que passassem à reforma passou de obrigatório a indicativo, que o mesmo é dizer que não vai ser cumprido.
Até mesmo as promessas feitas recentemente, como a do fim de privilégios para os políticos, estão prestes a ser quebradas. Na verdade, em face da pressão da bancada parlamentar socialista, o Ministro das finanças já admitiu que, afinal, o fim das reformas para os deputados pode só se aplicar aos futuros e não aos actuais deputados. Enfim, mais exemplos se puderiam dar...

O Robim da Cidade (aquele que rouba a quase todos para dar aos Lobbies)
O Sr. Primeiro-Ministro disse que com o Colossal aumento de impostos e as demais medidas que promoveu serviriam para no fim do ano baixar o défice para 6,2%.Pois, convém começar por notar que, segundo o badaladíssimo relatório do Banco de Portugal (o tal dos 6,83%), o défice em 2004 foi de pouco mais de 5%, o que quer dizer que sob a sua égide haverá não uma diminuição, mas um significativo aumento do défice. Ora isto significa que o aumento de impostos servirá não para diminuir o défice mas para dar mais dinheiro aos lobbies. É uma fraude! E um esbulho!!!

O Neo-Totalitarismo
Uma das medidas que foi anunciada para fazer face à grave crise financeira é tornar as declarações de rendimento públicas. Isto quer dizer que as declarações que todos os anos os contribuintes têm de apresentar passam a ser escrutináveis por qualquer pessoa.
O Estado não só se arroga o direito de devassar a nossa vida como entende que não temos direito a ter qualquer reserva de intimidade. Toda a nossa vida passa a estar na praça pública, para que todos a espiem e, se descobrirem algo “estranho”, para que denunciem. (juntem isto ao fim do sigilo bancário…)
Eu poderia lembrar que isto coloca muita gente em situações de risco (certamente haverá muitos criminosos que vão agradecer que o Estado os ajude a saber onde podem ir buscar mais fontes de rendimento: mais pessoas a quem podem chantagiar, a quem podem roubar, enfim…), mas o que me parece mais importante é denunciar a lógica deste medida: o Estado promove a inveja e nega o direito à reserva de intimidade e da vida privada. A partir de agora toda a vida financeira das pessoas e das famílias passa a ser pública. Sim, sim. Aquele empregosito que não gostaria que ninguém soubesse que tem… aquelas despesas de saúde… e isto é só o início. Esta lógica vai-nos levar muito longe… nada escapa a este Estado!
Ainda acham que isto é um Estado Neo-liberal?

Resistência não violenta (ao vampirismo)
Perante este Estado esbulhador (sim esbulhador: tudo somado (IVA, IRS, IRC, Impostos especiais sobre o consumo, taxas, emolumentos) cobra-nos mais de metade do nosso rendimento, e o que é que nos dá em troca?) já há movimentações para que se faça uma revolução.
Eu reconheço que há razões para isso. Na verdade nos últimos três anos o IVA subiu 4%, o imposto sobre os combustíveis, o IRS, o imposto sobre o tabaco, o imposto sobre o álcool, as custas dos tribunais, a taxa da rádio (entretanto convertida em taxa do audiovisual), enfim, é só lembrarem-se de taxas, impostos, emulumentos ou custas e vão ver que subiram.Mas ainda que haja razões para uma revoloção, creio que é melhor adoptar métodos pacíficos: por isso apelo à resistência pacífica, que tal se fizéssemos como fez o Ghandi?Também nós precisamos de nos ver livres deste jugo!