terça-feira, dezembro 27, 2005

Presidenciais Portugal e o mundo

Tento acompanhar as diversas actividades da campanha, bem como todos os debates, de modo a que, dentro do possível, no dia 22 de Janeiro seja um eleitor informado e possa sentir que o meu voto foi o resultado de uma escolha consciente.

No decurso da pré campanha para as presidenciais tem-se ouvido inúmeros fait divers, espuma que se dissipa na efemeridade da procura do sound bit, do minuto televisivo na hora dos telejornais.

Do muito que ouvi houve um momento em considero ter sido tocado o ponto crítico com que Portugal se debate: o papel de Portugal perante a globalização.

Portugal no momento confronta-se com um problema de confiança. Isto já quase todos os candidatos perceberam, basta olhar para os vários outdoors com que nos confrontamos cada vez que saímos à rua ou que ligamos a televisão.

A situação Portuguesa actual é uma situação difícil e o nosso problema não é apenas um problema económico. A situação é difícil em várias áreas nos últimos tempos as questões económicas ganharam uma acuidade muito grande. Porquê? Há uma angústia, uma ansiedade nos cidadãos quanto a questões muito simples mas graves como ficar desempregado, sair da universidade ou do ensino secundário e não encontrar um emprego, a empresa poder deslocalizar-se, ir para outro país, a protecção social que tinham afinal pode desaparecer. Isto surge ligado a uma situação económica que é medíocre. De acordo com as próprias previsões oficiais, no próximo ano estaremos com cerca de 450.000 desempregados.

Esta falta de confiança que deriva essencialmente de questões económicas radica no facto dos Portugueses se depararem com um fenómeno que se apresenta como inelutável: a Globalização.

Esta situação pode ser encarada das diferentes formas que encontramos presentes nas opiniões dos vários candidatos a presidente da República, sendo que estas revestem invariavelmente a matriz ideológica de cada um.

Com uma excepção o conjunto dos candidatos olha para a globalização com desconfiança, como uma ameaça, um constrangimento, como um verdadeiro tormento…

Cavaco por seu lado, olha para a globalização como uma oportunidade e preconiza um Portugal que não tenha medo da globalização, aludindo à necessidade de perceber os seus benefícios, as suas vantagens, as suas oportunidades.

Entendo que para sair vencedor deste fenómeno é preciso desde logo, compreende-lo e, perceber o que de positivo ele pode significar. É necessário estar preparado para tirar partido das oportunidades que o mundo global oferece.

Percebe-se intuitivamente que há uma palavra-chave para vencer no mundo globalizado: Competitividade!

Urge encontrar a competitividade para Portugal, o que significa, não continuar a produzir as mesmas coisas que os outros são agora capazes de produzir muito mais barato mas percebendo que há que inovar, alterar a estrutura da produção, aproveitar as novas tecnologias e aparecer nos mercados globais a vender produtos inovadores, com tecnologia avançada, com valor acrescentado.

Portugal necessita de aproveitar as novas oportunidades da economia global para criar um país moderno com mais empregos, melhores salários e com mais protecção social.

A única forma, neste momento, de nos voltarmos a aproximar do nível de desenvolvimentos dos outros países é reforçar a competitividade das empresas, e para isso, conforme referido por Cavaco Silva este deve ser erguido à categoria de objectivo quase prioritário, como um objectivo nacional. Deste modo, a Assembleia da República, Governo, Presidente da República e até partidos de oposição, através de algum tipo de consenso que se estabeleça, devem empenhar-se para consolidar esse objectivo na sociedade portuguesa.

Esta predisposição que se percebe em Cavaco face à globalização, de abertura ao exterior é suficiente para albergar na sua candidatura aqueles que consideram que Portugal tem hoje na globalização o maior dos seus desafios e características únicas para dela sair como vencedor.

Enquanto eleitor entendo que, aquilo que Portugal precisa neste momento é precisamente de quem desperte no país a consciência dos benefícios da Globalização.

O Presidente da República, para além de ter uma ideia quanto ao rumo certo para o futuro do país, deve entender a envolvente internacional de Portugal, nomeadamente o quadro da globalização, e isso Cavaco já percebeu.