Ipsis Verbis
É a esquerda moderna, estúpido!
Este país continua, de facto, a ser um total fantoche ideológico. Trinta e tal anos após a revolução dos cravos e continuamos a apelidar de esquerda tudo o que é bom.
Quando, por algum motivo, se usa o liberalismo (ou ideias liberais) para a resolução de um problema, e para não lhe chamar de direita (porque da direita só vêm coisas más e nunca opiniões valiosas e sérias!) então chama-se-lhe liberalismo de esquerda.
A moda e o fanatismo da esquerda chegaram a tal ponto que os seus personagens usam e abusam de ideias de direita para as fazerem passar por esquerda.
Ser de esquerda implica usar o Estado e os seus poderes para configurar um modelo social conveniente para o país. O primeiro liberal de esquerda, que aposte num Estado pequeno e de direito, na liberdade individual e nos mecanismos de mercado está, portanto, para nascer!
O problema é que o Estado parece ser, neste momento, grande demais e não há soluções para o país que passem por ele. E, por isso, temos que recorrer ao mercado e às ideias de mercado para dar ao Estado o dinheiro que lhe falta por via do «seu Orçamento». Isto é, em todo o lado do mundo, um engodo. Em Portugal chama-se esquerda liberal ou moderna!
José Crespo de Carvalho, No Jornal de Negócios
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