O drama do interior desertificado
Centenas de escolas estão a fechar no interior. Também encerram hospitais, maternidades, estações do correio e outros serviços públicos. Muitas localidades antes servidas pelo caminho-de-ferro viram desaparecer o comboio.
Tudo isto acontece porque não se justifica manter serviços onde há tão pouca gente. Mas, porque desaparecem os serviços, ainda menos pessoas ficam no interior. Só não sai quem não pode.
Este ciclo vicioso está a mudar Portugal. (…)
No ano passado, Portugal foi o país da União Europeia onde o rendimento dos agricultores mais caiu. (…)
Mesmo quando há escolas, os jovens abandonam o interior porque não encontram ali oportunidades de trabalho. Escasseiam empregos porque não existe investimento empresarial. E este falta, entre outros motivos, porque é difícil encontrar no interior quem esteja disposto a trabalhar na agricultura ou na construção civil, por exemplo. O rendimento mínimo tem os seus efeitos perversos, entre os quais o estímulo a não trabalhar. O Estado parece ser o único patrão desejado. Quando este se retira, fica o deserto. (…)
Um novo interior poderá e deverá surgir. Até para desenvolver aí o turismo, é preciso preservar a paisagem que ainda não foi destruída e cuidar do ambiente. Mas o estilo de vida tradicional nessas regiões desaparece inexoravelmente. O que é um enorme drama humano.
Francisco Sarsfield Cabral no DN
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