domingo, outubro 16, 2005

As Autárquicas e o país

Ao nível nacional inquestionavelmente o PSD ganhou as eleições autárquicas. Esta vitória deveu-se essencialmente a um combate pela credibilidade que tem várias faces: por um lado a ruptura do partido com alguns casos flagrantes de mau exemplo publico dos seus políticos, e, por outro, a implementação de um estilo de oposição competente, sério e responsável.
O PSD não se colocou ao lado dos grevistas e manifestantes, apoiou o governo na sua posição face a militares e juízes, não fez demagogia com os incêndios, elogiou medidas na educação sem tibiezas, e excluiu qualquer leitura nacional dos resultados autárquicos.

Contrariamente ao que geralmente se refere as medidas difíceis do Governo, designadamente as que atingem interesses corporativos, são mais populares do que impopulares. A condenação da opinião pública relativamente às greves dos professores, dos militares, dos polícias, dos juízes, dos funcionários públicos, tem sido generalizada. Não foram de todo as medidas difíceis as que mais pesaram na avaliação negativa do governo e, deste modo, as que facilitaram estes resultados autárquicos.
A explicação da derrota encontra-se noutros factores que se prendem com factores centrais que se prendem com a forma de estar na política e que os eleitores facilmente percebem. Desde logo a falta ao cumprimento de promessas eleitorais como sucedeu relativamente à questão do aumento dos impostos, o estilo prepotente e autista do Primeiro-ministro, as sucessivas nomeações partidárias vistas pela Opinião Pública como incompetentes, o desaparecimento do Governo enquanto o país ardia, a queda do Ministro das Finanças, as questões relativas à OTA e ao TGV, a indefinição no que respeita à política económica. Mas também a escolha de Mário Soares como candidato presidencial, a sucessiva ocupação de todo o estado pelos socialistas.

Em suma apesar de possuírem condições únicas, o PS revela-se incapaz de gerar confiança e credibilidade.

Uma nota relativamente ao caso de Braga o Eng.º Mesquita Machado venceu mas acentuou a sua já reconhecida condição de elemento incómodo para o PS-nacional, já que tornou ainda mais evidente a incapacidade de renovação e a ausência de alternativas ao nível autárquico no seio do PS-Braga o que é mau para a cidade, para o concelho e para a região. Isto quando parece consensual que se não fosse o voto tendencialmente mais “conservador” das freguesias rurais, Braga tinha mostrado mais do que o cartão amarelo que mostrou ao PS…
Estou convencido que a manter-se a qualidade da oposição em Braga, da próxima é de vez!