quarta-feira, julho 20, 2005

Governar provoca doença da "Dupla personalidade"


Cientistas Descobrem que o exercício de funções governativas gera Desordem de Personalidade Múltipla

Cientistas Portugueses descobriram, em estudo recente, mais uma doença profissional, esta afectando aqueles que se dedicam à função governativa.

O acompanhamento de vários casos revelou que as pessoas que exercem funções governativas assumem diferentes personalidades consoante as situações que enfrentam. Esta patologia do foro psiquiátrico deve ser considerada uma doença profissional, pois os indivíduos estudados eram plenamente saudáveis antes do exercício de tão altas funções. Os casos estudados evidenciam que esta doença tende a revelar-se em formas graves, na verdade, as várias personae assumidas pelos Ministros são muito contrastantes entre si e os efeitos de tal patologia são nefastos para o país.

Para ilustrar os efeitos desta doença profissional grave, o Prof. Olavo de Almeida do Hospital Júlio de Matos, relatou o caso do Ministro Campos e Cunha.

Segundo aquele investigador: “Como é do conhecimento geral o Sr. Ministro Campos e Cunha aprovou em Conselho de Ministros um plano de investimentos de € 25 000 000 000 (conhecido por PIIP), visando este plano de investimentos públicos impulsionar o crescimento da economia portuguesa. Sucede que, poucos dias depois, em artigo de opinião publicado no jornal público, o Sr. Ministro deu claramente a entender que o investimento público, na melhor das hipóteses, tem pouco efeito para o crescimento económico, podendo mesmo ter um efeito contraproducente.”

O investigador prosseguiu citando um trecho do artigo de opinião do Ministro.
“A ideia de que o investimento é sempre algo de bom é errada. Mesmo na economia familiar, cada um de nós já fez certamente investimentos de que se arrependeu. Hoje viveríamos melhor se certos investimentos não tivessem sido realizados.

Consequentemente, uma boa decisão de investimento impõe a necessidade de uma análise prévia de rendibilidade. Por exemplo, quando se investe numa frota de carros de aluguer (despesa de investimento) não podemos esquecer que, no futuro, devemos fazer a sua manutenção (despesa corrente futura) e ter clientes que suportem a despesa corrente e a amortização do investimento (qualidade do projecto de investimento). Este simples exemplo chama a atenção para a difícil mas necessária selecção dos projectos de investimento. Caso contrário, hipotecamos, gastando em investimento, o presente e comprometemos o futuro com prejuízos de exploração.

[…] O mesmo se passa com o investimento público. A qualidade da despesa pública passa pela criteriosa e apertada selecção dos investimentos. Caso contrário, temos, hoje e no futuro, menos benefícios do Estado ou mais impostos.

Note-se a este propósito que, historicamente, o crescimento económico tem uma vaga relação com a quantidade do investimento público realizado.

Portugal, nas décadas de 1981-90, de 1991-00 e, mais recentemente, nos períodos de 1995-04 e 2000-04, teve esforços de investimento público praticamente constantes e rondando os 3,7 por cento do PIB. No entanto, o crescimento anual médio da economia não parou de cair de valores acima dos 3 por cento para cerca de 1 por cento!

Pelo contrário, a Suécia, para os mesmos períodos, baixou drasticamente (para menos de um terço) o esforço de investimento público, tendo aumentado o seu crescimento para valores acima de 2,5 por cento. Certamente que melhorou a qualidade do investimento. Estes casos são exemplares, mas outros poderiam ser citados a este propósito.

[…] O investimento público é muito importante, mas a sua qualidade é o elemento crucial para contribuir para o crescimento económico sem pôr em causa a redução da divida pública. Como é referido pelo FMI, o investimento público deve dar prioridade aos projectos com a maior rendibilidade económico-social possível. Naturalmente, na concretização do PIIP não deixará de se ter em conta estes aspectos.

A boa qualidade do investimento público é fundamental para que este seja parte da solução da crise das finanças públicas e não parte do problema, ou seja, que promova efectivamente a retoma económica.”


Algo que aquele cientista apresentou como particularmente interessante é o carácter maquiavélico que as personae assumem, manifestando-se de forma subtil, mas muito poderosamente. “Por exemplo, neste caso é evidente que o Campos e Cunha Opinador acha o Campos e Cunha Ministro um imbecil, mas di-lo de forma cifrada. Ao dizer que A boa qualidade do investimento público é fundamental para que este seja parte da solução da crise das finanças públicas e não parte do problema parece que o opinador está a apoiar o Ministro, mas ao demonstrar que, historicamente, não há exemplos de crescimento económico induzido por investimento público e que este gera despesa corrente no futuro, vendo-se, assim, hipotecado o presente e comprometido o futuro, está claramente a dizer que para ser parte da solução o investimento público tem de ser nulo, que o mesmo é dizer que o PIIP é uma imbecilidade, pois não só não vai ajudar como vai complicar”.

O Prof. Olavo Almeida nota, ainda, que as personae desta desordem específica dos governantes são reciprocamente competitivas e assassinas. “Campos e Cunha opinador desferiu um rude golpe em Campos e Cunha Ministro ferindo de morte a sua credibilidade e pondo em causa a sua competência técnica. É, aliás, muito curioso” prossegue o professor “que entre as várias personae assumidas pelos governantes, as menos capazes são as que efectivamente exercem as funções governativas e as mais lúcidas são aquelas que procuram, e efectivamente logram, liquidar os Ministros.”
Inquirido quanto às hipóteses de cura, o cientista respondeu que, “em teoria é fácil curar os pacientes, ainda que na prática não tenha havido ainda nenhum caso de sucesso. A cura” afirmou “passa pela submissão dos governantes a um treino de lucidez, honestidade intelectual, capacidade técnica e seriedade perante o País”

Por fim, quisemos saber se o psiquiatra entende que, à semelhança do que acontece com outras doenças profissionais, deveria ser instituída alguma compensação financeira a assumir pelo Estado para estes casos. O Prof. entende que sim e diz ter informação segura de que os Ministérios da Saúde, das Finanças e do Trabalho já estão a tratar do assunto, pelo que é de esperar que os Srs. Ministros venham a acumular mais uma pensão.