terça-feira, setembro 20, 2005

As eleições Alemãs e a vaca moribunda...

As eleições para o Parlamento Alemão tiveram um resultado surpreendente. Ainda há muito poucas semanas se previa que a CDU/CSU viria a ter uma maioria muito confortável, talvez, até, uma maioria absoluta, contudo, tal não só não se verificou como, o SPD esteve apenas a uma “unha negra” de ser o partido mais votado. Na verdade, terá tido apenas cerca de um por cento a mais do que a CDU/CSU.
Porque se terá dado esta reviravolta?
Certamente será possível encontrar muitas explicações, entre as quais uma das mais certeiras será a falta de carisma e qualidade política da Sra. Angela Merkel.
Tocavia há uma que me pareceu digna de especial reflexão. Ouvi ontem um comentador dizer que foi a reacção dos Alemães à intenção da CDU/CSU de acabar com o “Estado Social”. Talvez esse receio explica uma parte significativa dos votos do eleitorado nos partidos de esquerda.
Aliás, tal já havia sucedido em França aquando do referendo à “Constituição Europeia” em que uma parte do voto contra se explicará como reacção à designada “perda de direitos sociais”.
Pois… mas sendo, ou podendo ser, verdade (que uma parte significativa do eleitorado Alemão votou na esquerda para não perder os “benefícios sociais”) não quer dizer que seja acertado.
Isto de os Alemães, e muitos Europeus, se agarrarem de forma irracional e insustentável ao “Estado social” sugere-me a imagem de uma vaca, que não é mais que um esqueleto com uma dúzia de vitelos agarrados às suas tetas, também eles já moribundos, pois em vez de se fazerem ao pasto em devido tempo pensaram que poderiam viver toda a vida à custa do leite materno. Em tempos aqueles vitelos haviam sido os mais bonitos da quinta, mas a partir de dada altura, convenceram-se que não teriam de fazer como os outros procurando o seu próprio alimento. Sucede que a vaquinha aguentava quando eram pequenos e era fácil alimentar-se no pasto. Agora que são grandes e o pasto dá mais trabalho a arranjar já não aguenta sustentar uma prol tão voraz e preguiçosa.