domingo, outubro 23, 2005

Aborto II

Alega-se por vezes que a despenalização do aborto é necessária para acabar com as mortes que o aborto clandestino provoca.
Antes de mais, quando se faz uma lei deve-se ter em conta o que é justo ou antes a conveniência dos que infringem a lei?
Imaginemos que um grupo A de pessoas decide matar um grupo B e que, ao fazê-lo, colocam a sua vida em risco. Será que o Governo deve dar condições ao grupo A para matar o grupo B em segurança?
Segundo os defensores do aborto esta analogia falha porque temos dois grupos de pessoas enquanto que no caso do aborto temos uma pessoa e um feto. Logo, tudo se resume a provar que o feto não é pessoa.
Entra-se assim nas linhas divisórias, por um lado o gradualismo, (é impossível identificar um ponto no desenvolvimento embrionário a partir do qual passamos a ter uma pessoa uma vez que esta vai aparecendo de forma gradual. Esta teoria implica que haja seres humanos que são semi-pessoas, digamos 20% pessoa, até que numa dada altura -que também não se consegue identificar - ficam 100% pessoa), e o funcionalismo (para se ser pessoa é preciso fazer o que fazem as pessoas: ter consciência de si, capacidade de resolver problemas, actos racionais). O resultado é que nesta teoria um recém-nascido também não é pessoa. O infanticídio é, portanto, aceitável.
Esta argumentação acaba por colocar os defensores do aborto a sustentar aquilo que os defensores do direito à vida dizem há muito: o aborto é aceitável se e só se o infanticídio também o for. Assim, na "posição de fundo", não existe divergência entre defensores e opositores do aborto: ou se rejeita matar dos dois lados do nascimento ou se aceita matar dos dois lados indiferentemente.

1 Comments:

Blogger Edie Falco said...

Quisera o aborto estar instituído em Portugalk há mais tempo - com certeza vc não teria nascido e estaríamos livre de um reacionário estúpido, como mostra ser pelos seus posts.

3:45 da tarde  

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