segunda-feira, outubro 08, 2007

sucesso.pt (1)


Domingo pela manhã num café da cidade, dois casais de meia-idade discutiam o estado do país.
“Nada bem!” - dizia um dos senhores, que continuava: “o desemprego aumenta, está já mais alto que em Espanha, e lá ganha-se muito mais, os impostos são mais baixos, as coisas são mais baratas” - os outros atalhando apresentavam exemplos: “o preço dos carros em Espanha”; “o preço da gasolina”; “as universidades que cada vez cativam mais alunos portugueses”.
De facto, o país não cresce como devia, afasta-se da média europeia, os impostos mirram a nossa atávica economia, espalham-se aos quatro ventos as reformas efectuadas no país, mas, no fim do dia, nada acontece…
A causa deste torpor, adiantada por um dos intervenientes naquela conversa seria a produtividade. “Não crescemos porque não somos produtivos, não trabalhamos, preguiçamos.”
- “Lamento mas discordo!” - disse eu para com os meus botões, deixando cair o meu interesse pela conversa.
Não creio que as nossas capacidades sejam inferiores às dos outros, sejam eles espanhóis, irlandeses, eslovenos, malteses, italianos ou gregos.
Atribuir a causa da situação económica do país à suposta moleza das pessoas é não ir ao âmago do assunto.
Será o meu trabalho e o daqueles que me rodeiam ou dos que conheço caracterizado pela inépcia, marasmo, languidez, ou apatia?
Se fosse, seria caso para perguntar se a culpa era dos trabalhadores ou daqueles que os gerem?
Por outro lado, a ser a produtividade a causa, faria sentido produzir mais do que aquilo que conseguimos vender? Teremos estrutura social para produzir de modo intensivo e a baixos custos?
Não! – E ainda bem que não!
Nos países como a China ou os do Magreb, aí sim poder-se-á falar em produtividade assente no factor “intensidade de trabalho”. Mas não é essa a nossa divisão.
Portugal para triunfar numa economia global necessita ser COMPETITIVO.
E hoje para ser competitivo é preciso INOVAR, acrescentar valor. Essa é a “produtividade” de que necessitamos.
Para isso torna-se necessário investir nas fontes de inovação, ou seja: na investigação e desenvolvimento, no incentivo ao risco, nas garantias às patentes e respeito pelos direitos de autor, nas universidades, e nos centros de excelência.
Para produzir intensivamente temos a China – “a fábrica do mundo”! A nossa missão é outra. Como já inumeras empresas portuguesas perceberam.
(Continua)
Nuno R. Silva