domingo, outubro 14, 2007

Sinais dos temp(l)os…

Acredito que é a tolerância um dos princípios mais elementares da convivência social pacifica, provavelmente o único modo de convivência inter-étnica /inter-religiosa não conflituosa.

Porque nasci num contexto judaico-cristão, de arreigadas tradições católicas fizeram-me católico. Hoje sou cristão convicto, porque procurei informação acerca do que isso significa e partilho dos princípios de vida defendidos por Cristo. Mas entendo que esses princípios que me mantêm cristão, são partilhados por quase todas as religiões monoteistas que conheço.

Aceito e apoio a prática de rituais, mesmo que pareça ter pouca sustentação racional, mas acredito que podem ser instrumento de integração espiritual. A este assunto poderei voltar noutro momento aqui apenas tenuemente aflorado.

É grande o alarido à volta das comemorações dos “90 anos de Fátima”. Pode acreditar-se ou não nas aparições e na beatitude dos pastorinhos, essa é uma questão de fé e, como tal, aceito que o próximo extravase essa fé. Tendo fé em “Fátima”, pode concorda-se ou não no modo de manifestação de fé dos fieis que fazem promessas e as procuram cumprir (sintoma de boa formação cívica, porque reflete integridade de carácter). O que não entendo é que os “doutores da fé” suportem e incentivem práticas de idolatria (contra as quais “Aquele que É” se insurgiu pela pessoa de Moisés). Muito distante do fundamento espiritual (“essência”) da fé cristâ se (des)enquadra o esbanjamento de recursos económicos (exurbitantes) na construção de catedrais sumptuosas (como em Fátima). Não entendo como poderá algum cristão esclarecido aceitar que se gastem tão avultadas somas em locais de culto e, pior ainda, redundantes (já aí existe uma monumental catedral).

Cristo deu a vida “pelos mais pequenos dos seus irmãos”, insurgiu-se contra os “vendilhões do templo” (exploradores económicos da fé dos crentes) e pediu para “amar o próximo como a nós mesmos”. Coerentemente a família religiosa cristã, só deveria gastar recursos em “palácios” quando fosse possível a todos os irmãos (seres humanos) viver de modo palaciano. Os templos deverão expressar a humildade consentânea com a vivência defendida por Cristo. Só desse modo será possível limpar a imagem de “empresa” e fausto da Igreja de Cristo e aproximá-la novamente do homem simples.