quinta-feira, agosto 04, 2005

CGD: os boys e a desinformação

Caixa pode recuperar ‘holding’ de Ferreira Leite

Ministro das Finanças garante que decisão final está nas mãos do novo presidente da CGD. O novo presidente da Caixa Geral de Depósitos, que amanhã toma posse, vai decidir sobre a criação de uma ‘holding’ no grupo financeiro do Estado. Uma ideia do ex-líder António de Sousa, apadrinhada pela antiga ministra Manuela Ferreira Leite. “A estrutura de organização da CGD deverá constar do plano de negócios” que o novo “homem-forte” do grupo, Carlos Santos Ferreira, vai apresentar ao ministro das Finanças, adiantou a porta-voz de Teixeira dos Santos ao Diário Económico.
Depois das mudanças na Caixa, estão por decidir as administrações na PT e EDP. (fonte Diário Económico on-line)

Esta notícia é interessante, pois mostra como se pode "gerir" a informação para subtilmente subverter as coisas. Pouco depois da escandalosa nomeação de novos administradores para a CGD – numa manobra que, além de visar a satisfação dos lobbies internos do partido do poder, pretende tornar a empresa mais dócil perante o Governo por forma a viabilizar projectos economicamente ruinosos, mas que correspondem a prioridades políticas (v.g. Ota e TGV - escreveremos sobre este assunto oportunamente) – havia que mostrar trabalho, dando a entender que, afinal, aquela decisão era necessária. E para credibilizar o trabalho nada melhor do que envolver figuras credíveis na área das finanças. A isto chama-se desinformação!

Mas, também subtilmente, lá se vai dando mais um passo na preparação da opinião pública para a nomeação de mais boys, desta feita para as administrações da EDP e da PT. Assim, quando tais nomeações se consumarem parecerão actos normais de boa governação. Mas, neste caso, a nomeação de novos administradores tendo por base critérios de confiança política será ainda mais grave, pois estas empresas não são detidas a 100% pelo Estado. Aliás, no caso da PT o Estado só detém uma Golden share de 500 acções. O que terá o Governo de dar em troca aos accionistas privados para colocar na PT administradores da sua confiança política?