quinta-feira, julho 28, 2005

O Governo e o Investimento Público

Em manifesto hoje (27 de Julho) publicado no Diário de Notícias, alguns dos mais reputados economistas da área socialista (e de outras áreas, são 13 ao todo) criticam os grandes projectos de investimentos públicos que o actual Governo pretende desenvolver.

«O investimento público não faz milagres "Parece ter emergido uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes." "Porque a situação é séria e o País não pode, sem grandes custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer (...) que a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o País."»

Esta crítica não é original, na verdade, tem sido quase generalizado o repúdio a projectos como o novo aeroporto da Ota e o TGV.

Como muito bem nota Francisco Azevedo e Silva, também no DN de hoje:
«[…] ao que parece, nem no Governo existirá consenso quanto à Ota e aos comboios de alta velocidade. Pelo menos foi essa a ideia transmitida pelo último artigo de Campos e Cunha (no jornal Público), interpretação que o ex-ministro nada fez para desmentir. A consequente exoneração do ministro das Finanças ao fim de apenas quatro meses de exercício, com efeitos fortemente negativos para a imagem do Governo, é prova de que os defensores do arranque imediato da Ota e dos comboios de alta velocidade não foram suficientemente convincentes quanto à bondade desses investimentos e menos ainda quanto à sua urgência num momento de grandes dificuldades financeiras do Estado. […]»

A favor destes projectos quase não se têm ouvido argumentos, até porque, segundo se sabe, apesar da obsessão do Governo na sua promoção, nem sequer estão devidamente estudados.

Também nós estamos contra estes projectos, não só pelo seu custo desmesurado e insustentável dada a actual situação das contas públicas, como também porque é evidente que a sua rentabilidade social e económica será muito baixa. Parece evidente para um observador lúcido, e prova disso tem sido a condenação generalizada dos projectos, mesmo por economistas da área ideológica e partidária do Governo, que a relação custo benefício será bastante desfavorável.

Mas se isto é realmente assim, como explicar a obstinação do Governo?

Porquê garantir com absoluta certeza que se avançará com projectos que não estão sequer ainda devidamente estudados, mas que não passam sequer a uma análise de bom senso?

Presumindo a seriedade dos Governantes, e nem sequer querendo sugerir que estes possam estar reféns de interesses que não o interesse geral, o mais benevolente que se pode sugerir é que este está a querer fazer um braço-de-ferro pretendendo com isso demonstrar capacidade de iniciativa e de acção. Uma espécie de birra de miúdo que se pretende afirmar, fazendo de conta que já é adulto.
Sucede, porém, que o assunto é demasiado importante para brincadeiras e os custos não são apenas demasiado elevados como vão comprometer o futuro, pelo menos por uma geração.

Isto faz-me lembrar a história do sujeito que, ganhando € 500 por mês, hipoteca a casa para comprar um BMW topo-de-gama, justificando à sua família que comprou o carro porque assim assegurará o enriquecimento da família, ou não é verdade que os tipos que andam de BMW são ricos? Sabem qual é o fim desta história, não sabem?

sábado, julho 23, 2005

(de)formações!

A comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura considerou esta quinta-feira ser legítima a defesa da música de produção nacional após ter ouvido criadores culturais, editoras discográficas e rádios a propósito da alteração à Lei da Rádio.

Assim vai o estado da nação, que corrompe a livre iniciativa, favorece pseudo-artistas e correntes de amigos. Intervém onde não deve, consume recursos que lamenta não possuir.

Daqui a dias será necessário, uma vez mais, subir impostos porque "the show must go on!".

O Estado é empurrado por actores sem vergonha (políticos que desprezam a rés-pública) para o precipício.

Este nosso universo caminha sustentadamente para o desiquilíbrio.

sexta-feira, julho 22, 2005

Jekyll and Hyde

Na conhecida história literária de Robert Louis Stevenson (The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde), o Dr. Henry Jekyll ao experimentar uma sua poção transforma-se no malévolo Mr. Hyde. Com com o evoluir da narrativa este Hyde sobrepõe-se a Jekyll. Esta é a mais famosa história de Desordem de Personalidade Múltipla.

Afortunadamente em Portugal a história escreveu-se de modo diferente - o Dr. Campos e Cunha (Jekyll) foi capaz de sobrepor-se ao Sr Ministro (Hide) apresentando a sua demissão, hoje efectivada (acto de honestidade). Percebemos que, tal como na história de Stevenson, a luta entra as duas personalidades terá sido hercúlea. Espero sinceramente que não fiquem sequelas na personalidade do bom académico.

Aguardo ansiosamente por futuras publicações de Campos e Cunha que, por certo, serão reveladoras da desordem que grassa pela governação de Sócrates. Desta vez foi consequente, merece o meu aplauso.

quarta-feira, julho 20, 2005

Governar provoca doença da "Dupla personalidade"


Cientistas Descobrem que o exercício de funções governativas gera Desordem de Personalidade Múltipla

Cientistas Portugueses descobriram, em estudo recente, mais uma doença profissional, esta afectando aqueles que se dedicam à função governativa.

O acompanhamento de vários casos revelou que as pessoas que exercem funções governativas assumem diferentes personalidades consoante as situações que enfrentam. Esta patologia do foro psiquiátrico deve ser considerada uma doença profissional, pois os indivíduos estudados eram plenamente saudáveis antes do exercício de tão altas funções. Os casos estudados evidenciam que esta doença tende a revelar-se em formas graves, na verdade, as várias personae assumidas pelos Ministros são muito contrastantes entre si e os efeitos de tal patologia são nefastos para o país.

Para ilustrar os efeitos desta doença profissional grave, o Prof. Olavo de Almeida do Hospital Júlio de Matos, relatou o caso do Ministro Campos e Cunha.

Segundo aquele investigador: “Como é do conhecimento geral o Sr. Ministro Campos e Cunha aprovou em Conselho de Ministros um plano de investimentos de € 25 000 000 000 (conhecido por PIIP), visando este plano de investimentos públicos impulsionar o crescimento da economia portuguesa. Sucede que, poucos dias depois, em artigo de opinião publicado no jornal público, o Sr. Ministro deu claramente a entender que o investimento público, na melhor das hipóteses, tem pouco efeito para o crescimento económico, podendo mesmo ter um efeito contraproducente.”

O investigador prosseguiu citando um trecho do artigo de opinião do Ministro.
“A ideia de que o investimento é sempre algo de bom é errada. Mesmo na economia familiar, cada um de nós já fez certamente investimentos de que se arrependeu. Hoje viveríamos melhor se certos investimentos não tivessem sido realizados.

Consequentemente, uma boa decisão de investimento impõe a necessidade de uma análise prévia de rendibilidade. Por exemplo, quando se investe numa frota de carros de aluguer (despesa de investimento) não podemos esquecer que, no futuro, devemos fazer a sua manutenção (despesa corrente futura) e ter clientes que suportem a despesa corrente e a amortização do investimento (qualidade do projecto de investimento). Este simples exemplo chama a atenção para a difícil mas necessária selecção dos projectos de investimento. Caso contrário, hipotecamos, gastando em investimento, o presente e comprometemos o futuro com prejuízos de exploração.

[…] O mesmo se passa com o investimento público. A qualidade da despesa pública passa pela criteriosa e apertada selecção dos investimentos. Caso contrário, temos, hoje e no futuro, menos benefícios do Estado ou mais impostos.

Note-se a este propósito que, historicamente, o crescimento económico tem uma vaga relação com a quantidade do investimento público realizado.

Portugal, nas décadas de 1981-90, de 1991-00 e, mais recentemente, nos períodos de 1995-04 e 2000-04, teve esforços de investimento público praticamente constantes e rondando os 3,7 por cento do PIB. No entanto, o crescimento anual médio da economia não parou de cair de valores acima dos 3 por cento para cerca de 1 por cento!

Pelo contrário, a Suécia, para os mesmos períodos, baixou drasticamente (para menos de um terço) o esforço de investimento público, tendo aumentado o seu crescimento para valores acima de 2,5 por cento. Certamente que melhorou a qualidade do investimento. Estes casos são exemplares, mas outros poderiam ser citados a este propósito.

[…] O investimento público é muito importante, mas a sua qualidade é o elemento crucial para contribuir para o crescimento económico sem pôr em causa a redução da divida pública. Como é referido pelo FMI, o investimento público deve dar prioridade aos projectos com a maior rendibilidade económico-social possível. Naturalmente, na concretização do PIIP não deixará de se ter em conta estes aspectos.

A boa qualidade do investimento público é fundamental para que este seja parte da solução da crise das finanças públicas e não parte do problema, ou seja, que promova efectivamente a retoma económica.”


Algo que aquele cientista apresentou como particularmente interessante é o carácter maquiavélico que as personae assumem, manifestando-se de forma subtil, mas muito poderosamente. “Por exemplo, neste caso é evidente que o Campos e Cunha Opinador acha o Campos e Cunha Ministro um imbecil, mas di-lo de forma cifrada. Ao dizer que A boa qualidade do investimento público é fundamental para que este seja parte da solução da crise das finanças públicas e não parte do problema parece que o opinador está a apoiar o Ministro, mas ao demonstrar que, historicamente, não há exemplos de crescimento económico induzido por investimento público e que este gera despesa corrente no futuro, vendo-se, assim, hipotecado o presente e comprometido o futuro, está claramente a dizer que para ser parte da solução o investimento público tem de ser nulo, que o mesmo é dizer que o PIIP é uma imbecilidade, pois não só não vai ajudar como vai complicar”.

O Prof. Olavo Almeida nota, ainda, que as personae desta desordem específica dos governantes são reciprocamente competitivas e assassinas. “Campos e Cunha opinador desferiu um rude golpe em Campos e Cunha Ministro ferindo de morte a sua credibilidade e pondo em causa a sua competência técnica. É, aliás, muito curioso” prossegue o professor “que entre as várias personae assumidas pelos governantes, as menos capazes são as que efectivamente exercem as funções governativas e as mais lúcidas são aquelas que procuram, e efectivamente logram, liquidar os Ministros.”
Inquirido quanto às hipóteses de cura, o cientista respondeu que, “em teoria é fácil curar os pacientes, ainda que na prática não tenha havido ainda nenhum caso de sucesso. A cura” afirmou “passa pela submissão dos governantes a um treino de lucidez, honestidade intelectual, capacidade técnica e seriedade perante o País”

Por fim, quisemos saber se o psiquiatra entende que, à semelhança do que acontece com outras doenças profissionais, deveria ser instituída alguma compensação financeira a assumir pelo Estado para estes casos. O Prof. entende que sim e diz ter informação segura de que os Ministérios da Saúde, das Finanças e do Trabalho já estão a tratar do assunto, pelo que é de esperar que os Srs. Ministros venham a acumular mais uma pensão.

domingo, julho 17, 2005

Será a polícia o melhor instrumento para assegurar a nossa segurança?


O presidente da Associação Profissional da Polícia anunciou que aquela Associação poderá vir a bloquear as duas pontes sobre o Tejo da Região de Lisboa caso o Governo não volte atrás nas suas intenções de cortar privilégios àqueles profissionais. Tendo sido confrontado com o facto de tal acção constituir ilegalidade e, mesmo, crime, o dito senhor respondeu que se arranja forma de contornar a lei.
Ora, isto é extraordináriamente grave!
Quem tem o dever de velar pela segurança, legalidade, lutar contra o crime e perseguir os infractores, missão para cujo exercício lhes foi confiado o monopólio do uso da força, admite como forma de pressão praticar um crime de muito gravosas consequências económicas e sociais.
Parece que estamos reféns de um bando de malfeitores que não hesita em usar os instrumentos que o Estado lhes confiou para nos proteger contra nós próprios para assim nos extorquir privilégios injustificados.
Se não estivéssemos a pagar a funcionários públicos mas a empresas o exercício desta função, a solução seria simple: punhamos a empresa a andar e contrataríamos outra, sem apelo nem agravo!
Eu sei que há quem diga que a segurança interna não pode ser assegurada por empresas, que o tem de ser pelo próprio Estado. Sucede que não só pode como, na prática e em grande medida, já o é!
Por exemplo, eu trabalho num edifício público onde a segurança é assegurada por uma empresa, com a vantagem de todos os ano se avaliar o seu efectivo desempenho e se proceder a uma consulta ao mercado para averiguar se outra empresa se mostra capaz de melhor exercer tal função. Se generalizássemos este procedimento a todo o país conseguiríamos ter muito melhor segurança e a menores custos.

Gastos milionários na GALP


O Jornal EXPRESSO denuncia, na sua edição de 16 de Julho, aquilo a que chama Gastos milionários e Regalias de luxo praticadas na empresa com capitais públicos GALP em benefício de políticos, seus familiares e colaboradores.
Infelizmente sempre foi assim, na GALP e nas demais empresas sobre as quais os poderes públicos detêm poder. E não se vê que, no futuro, possa ser de forma diferente, pois está no seu código genético.
Por mais ingénuo que se seja, é impossível não ver que essa é a sua verdadeira função.
Acresce que estas empresas não estão sujeitas às restrições e vicissitudes das restantes, na verdade, quando, em virtude de tanto favor e desperdício, perdem a sua competitividade não vão à falência. Nessa altura aparece o Estado para as salvar, quer injectando-lhes dinheiro, quer concedendo-lhes prerrogativas especiais (é claro que hoje em dia estas coisas são, em grande medida, subreptícias, mas é sabido que o Estado continua a faazer este tipo de coisas).
Aliás, mesmo que, apesar de tanta sacanice, estas empresas mantivessem a sua competitividade, a situação não deixaria de ser gravosa para os contribuintes na medida em que ou implicaria um sobrecusto nos bens e/ou serviços por elas fornecidos ou uma diminuição dos lucros distribuidos (a receber pela entidade pública em causa).
É por isso que este tipo de coisas é não só imoral como um roubo aos contribuintes!
A única forma de acabar com estas situações é acabar com as participações de entidades públicas (por ex. do Estado, das Regiões Autónomas e das Autarquias Locais) em empresas. Pelas razões que atrás se aduziu, ganhariam os contribuintes e os consumidores. Mas também ganharia a economia em geral, e por consequencia o país e todos nós, na medida em que passaríamos a ter mercados mais eficientes, racionais e transparentes.
Por isso, a moral a tirar desta história, que mais não é que A História das Empresas Públicas, é. há que acabar, com urgência, com as participações públicas em empresas!

quinta-feira, julho 14, 2005

Luz ao fundo do túnel

Acabo de receber esta informação por mail

Comunicado Oficial do Gabinete do Primeiro-Ministro:

"O Governo faz saber que, como medida de contenção de despesas e tendo em consideração a actual situação das contas públicas, a luz ao fundo do túnel será desligada, até nova ordem."

O peso do Estado e o desenvolvimento económico



A «[...] Bélgica e a Irlanda. São dois países relativamente próximos em dimensão, ética laboral e níveis de qualificação e desenvolvimento. Mas são países que, a partir de certa altura, divergiram completamente nas suas políticas económicas e financeiras.
[...]
Até 1985 os dois países tinham trilhado caminhos idênticos em matéria de política económica e financeira e obtido um fraco crescimento económico, embora a Irlanda, que havia partido de uma situação mais desfavorável, tivesse um PIB cerca de 65% do PIB Belga e uma taxa de desemprego de 17% (10% na Bélgica). A partir de 1985 a Irlanda mudou completamente a política financeira. Em 3 anos a despesa pública foi diminuída de 20% e a carga fiscal aliviada radicalmente. A partir daí o crescimento irlandês situou-se, em média, nos 5,6% ao ano (entre 1985 e 2002), enquanto o crescimento belga se manteve nos 1,9% ao ano. Em 2003 a despesa pública constituía 51,4 do PIB Belga, enquanto na Irlanda tinha recuado para 35,2%.
A Bélgica tentou estimular a economia sem alterar o peso do Estado, com o método dos “pequenos passos”, agora reeditados por Sócrates e aclamados pela nossa comunicação social como medida de “elevada clarividência”. O resultado viu-se – um crescimento muito fraco e uma economia sem perspectivas.
O gráfico que se apresenta comparando a variação do peso do Estado e o crescimento entre os dois países ao longo do período 1980-2002 é muito sugestivo, pela diferença de ritmo de crescimento, a partir do ano em que houve inflexão da política irlandesa. A partir de 1985 o ritmo de crescimento da economia irlandesa foi impressionante, quando comparado com o crescimento belga (ou da UE em geral). Em 1985 a Irlanda era o 3º país mais pobre da UE15 e tornou-se o 2º mais rico (depois do Luxemburgo!).

[...]
Ainda mais esclarecedora é a diferença de performance das duas economias em matéria de criação de emprego, comparando essa criação com os encargos fiscais sobre o factor trabalho. Entre 1985 e 2001 a Irlanda diminuiu esses encargos fiscais sobre os salários de 37% para 19,3%, enquanto a Bélgica manteve aqueles encargos praticamente constantes (passou de 46% em 1985 para 47,9% em 2001). Os encargos fiscais sobre o factor trabalho desmotivam todos os agentes económicos envolvidos. Desmotivam os empresários que se retraem na oferta de emprego e desmotivam os trabalhadores a fazerem qualquer trabalho suplementar.
A disparidade foi abissal. A partir de 1985 a Irlanda criou 31,2% de novos empregos, enquanto que a “política de pequenos passos” belga e de subsídios à criação de empregos, apenas produziu mais 7,6% de empregos, muitos dos quais no sector público! Seria um excelente aviso para Sócrates e Campos e Cunha se estes estivessem capazes de raciocinar, atarefados como estão, a contar pelos dedos os números do OR, que nunca mais batem certo.
Em 1985 a taxa de desemprego na Irlanda era de 17% (10% na Bélgica); em 2003 era de 4,6% (8% na Bélgica). Uma taxa de 4% representa o chamado desemprego friccional, o desemprego associado à rotação do factor trabalho. Ou seja, a Irlanda atingiu o pleno emprego.
O mais paradoxal em todo este percurso, é que, actualmente, o Estado irlandês dispõe de mais recursos que o Estado belga e consegue distribuir, em valor absoluto, mais recursos pela sua população, visto que a Irlanda é 31% mais rica que a Bélgica!


Ou seja, ao reduzir o peso do Estado na economia, a Irlanda encetou um percurso que, em 20 anos, a levou a ser o 2º país mais rico da UE* (ou 1º, se não entrarmos em conta com o Luxemburgo, que é demasiado pequeno para constituir termo significativo de comparação), com pleno emprego, e com uma capitação da despesa pública semelhante à belga, conseguida pelo aumento da sua riqueza e não pelo aumento do peso do Estado, que se mantém nos 35%.»

Fonte:
http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/06/sisifo_e_o_esta_2.html#more

Fingerprints on ID Cards

Fingerprints on ID Cards.

«The home secretary, Charles Clarke, is to press today's emergency European counter-terrorism summit to adopt a plan to compulsorily fingerprint all EU citizens who already carry identity cards.

The scheme is a crucial part of a 10-point anti-terrorism package that includes the retention of email and phone records for up to three years which Mr Clarke will propose when he chairs the emergency summit called in the wake of the London bombings.

The outline of the plan for all ID cards in Europe to carry an electronic fingerprint was submitted to a high-level strategic committee on immigration, frontiers and asylum on Tuesday by British officials acting in their capacity as the presidency of the EU.

"Identity cards are valid travel documents. We cannot afford to have them be a weak link in international travel," a Home Office spokesman said, confirming the plan.

"A really significant amount of travel within Europe is done not on a passport but on an identity card which is just a piece of cardboard with a photograph attached. It is a weak link. We need to have a common standard."

The spokesman stressed, however, that the measure would not mean the EU was compelling those countries which do not have ID cards to adopt them.

Britain is to start introducing "biometric" passports from next year; all applicants will have to go to one of 70 new centres to be fingerprinted and have their face "scanned". In December the EU decided that all passport holders, visitors and foreign resident nationals should be fingerprinted.»

Wonderful. He’s already agreed that ID cards wouldn’t have stopped the bombings. Travel documents wouldn’t have stopped them as we now know the bombers were home grown. What the hell is this for? Just the general desire to have a huge database of everyone?

This is one of two things.

1) A politician cannot be seen to be doing nothing. No one of them actually has the courage to say that there are problems that cannot be solved by politicians.

2) It’s the Home Office reflex approach to anything. We need to have a database of the helots so we can control them.

Update: Marlene Dietrich (?) sends in this link to
Statewatch. They’re using the European Union like companies use consultants, to push through something they cannot get support for any other way. The international rules agreed to do NOT require biometrics or fingerprints, only a digital photo. But if the EU says all ID cards must have those then voila, our domestic ones must as well.
As ever, Chirs Lightfoot has
the info.
BTW, we might note that fingerprints are not unique. Amongst 450 million people we will all have several if not many matches. This is a function of the way in which fingerprints are compared. And yes, it was many years ago but I do have some knowledge of the systems used. I bought the source code of the KGB’s system for use by those planning the FBI’s.


Fonte:
http://timworstall.typepad.com/timworstall/2005/07/fingerprints_on.html

quarta-feira, julho 13, 2005

Atentados em Londres

Aqui está um exemplo muito interessante de jornalismo amador.

Buy a pint for the emergengy services...

More support from around the world
Earlier this evening I received the following email:
Hello Nosemonkey,I appreciated your coverage of the bombings, and wondered what I could do. On 9/11 I could give money to the Red Cross, but i don't think that is necessary there. Honestly speaking, right now I would like to do something for the folks in London, and not a charity in Africa, or somewhere else.What I would most like to do is buy a pint of beer or two for someone in London, but that is easier said than done. Thinking about it, I realized that if i had come across a banner that allowed me to do something like that with paypal or credit card, I would have done so in a heartbeat.


Continua

sábado, julho 09, 2005

Londres 7/07



















Em 1941, Winston Churchill disse, assim: “Nunca desistam – nunca, nunca, nunca, nunca, perante seja o que for, nunca desistam excepto por princípios de honra e bom senso. Nunca cedam à força; nunca cedam à aparente e esmagadora força do inimigo”.
Estas são Convicções que quem conhece o valor da liberdade deve reafirmar...

sexta-feira, julho 08, 2005

Farce, farce, farce!

"History repeats itself: farce, farce, farce, but sooner or later tragedy is bound to kick in. The inability of the state to secure even the three highest-profile targets in the realm - the Queen, her heir, her Parliament - should remind us that a defensive war against terrorism will ensure terrorism."

The quiet-life option ensures that attacks go on, By Mark Steyn(Daily Telegraph, Filed: 08/07/2005)

Liderança!

Dilema moral

José Sócrates assumiu, ontem à noite, que a subida do IVA foi a medida que mais lhe custou a tomar.

"Eu passei por um dilema moral. Um dilema entre aquilo que eu disse na campanha eleitoral e a realidade do país. Entre o interesse nacional e a fidelidade a uma promessa eleitoral. E hesitei".

O primeiro-ministro garante, entretanto, que não aumentará mais impostos nem reduzirá benefícios fiscais até ao final da legislatura.

"Não. Não. Eu tenho bem consciência que o aumento dos imposto é uma receita negativa para a nossa economia. O meu objectivo é melhorar a performance da economia portuguesa".

No parlamento o Sr Ministro das finanças já não foi tão peremptório, ficando a maioria dos analistas convencidos que irá haver nova investidura contra a bolsa dos portugueses em breve (pelo menos durante esta ligislatura).

quinta-feira, julho 07, 2005

O “síndroma chinês” ou os desequilíbrios americanos?

A CNOOC (China National Offshore Oil Corporation), companhia petrolífera chinesa de capitais exclusivamente públicos apresentou uma oferta pública de aquisição da Unocal, outra companhia petrolífera americana no valor 18.5 biliões de dólares. A oferta alternativa é da americana Chevron, no valor de 16.4 biliões de dólares.
A possível aquisição de uma companhia petrolífera americana pela petrolífera chinesa desencadeou uma onda de reacções adversas.
As reservas e tentativas de impedimento da operação por um grupo de políticos norte-americanos são justificadas por motivos de “segurança nacional". Alternativamente, é possível que se trate de uma acção de lobby por parte da Chevron.

in The Guest of Time
http://guestoftime.blogspot.com/2005/06/o-sndroma-chins-ou-os-desequilbrios.html

The Guest of Time
One sometimes feels a guest of one's time and not a member of its household. — George F. Kennan

A intervenção ruinosa do estado!

John Tierney on The Fatal Conceit

I was working there in a drugstore whose owners cursed the project, and at first I thought they were just behind the times. But their worst fears were confirmed. The shopping district was destroyed. The drugstore closed, along with the department stores, movie theaters, office buildings and most other businesses.

You'd think a fiasco like that would have humbled Pittsburgh's planners, but they just went on. They kicked out a small company to give H. J. Heinz more room. Mayor Tom Murphy has attracted national attention for his grand designs - and fights - to replace thriving small businesses downtown and on the North Side with more upscale tenants.

The city managed to clear out shops and an office building to make room for a new Lazarus department store, built with $50 million in public funds, but Lazarus did not live up to its name. It has shut down and left a vacant building. Meanwhile, the city's finances are in ruins, and businesses and residents have been fleeing the high taxes required to pay off decades of urban renewal projects and corporate subsidies.

Yet the mayor still yearns for more acquisitions. He welcomed the Supreme Court decision, telling The Pittsburgh Post-Gazette that eminent domain "is a great equalizer when you're having a conversation with people." Well, that's one way to describe the power to take people's property.

in
The Liberal Order
In pursuit of a classical liberal social order.

domingo, julho 03, 2005

Acabar com a fome: Live 8 e G8

Todos queremos acabar com a pobreza...

Vinte anos depois do Live Aid, realizou-se o evento Live 8. Objectivo: lutar contra a fome no mundo, em especial nesse continente martirizado que é África.Este evento é qualquer coisa de colossal: realiza-se em simultâneo em vários pontos do globo (Londres, Paris, Berlim, Joanesburgo, Filadélfia, Moscovo, Tóquio,...), reunindo um plêiade verdadeiramente impressionante de grupos e cantores do mainstream musical mundial (são 100: Paul McCartney, U2, REM, Madonna, Robbie Williams, Pink Floyd, Sting, Annie Lennox, Bob Geldof, Coldplay, Dido, Elton John ..., ..., ..., até o Bill Gates e o Kofi Annan, mesmo não sendo do meio, lá estiveram). Também a nível da audiência (anunciada) é avassalador, um milhão no total dos recintos onde decorrem os espectáculos e DOIS MIL MILHÕES(!) pela televisão, fundamentalmente nos países ricos (eis a globalização no seu esplendor).
Há motivo para nos sentirmos orgulhosíssimos: os povos do mundo estão unidos para acabar com a fome!
Dizem que querem chamar a atenção daqueles oito senhores que se vão reunir numa sala (os chefes dos Estados do G8) para que estes resolvam o problema. Sim, estes senhores podem, se quiserem, acabar com este terrível flagelo.
Contudo, como aqueles senhores (os chefes de Estado, é claro) são um bando de cruéis egoístas, não creio que seja de esperar grande coisa da cimeira.
Mas, curiosamente, todos os chefes de Estado que vão tomar parte naquela reunião foram democraticamente (re)eleitos, portanto, estão a fazer o que os seus povos querem que façam. Isto parece um pouco confuso: então os povos dos Estados ricos querem acabar com a fome nas regiões pobres, mas (re)elegem governantes que não o pretendem fazer?
Será que verdadeiramente os povos do mundo rico querem acabar com a fome no mundo pobre? Ou seja, será que estão dispostos a fazer as concessões e os sacrifícios necessários para isso?
Será que é, como tem acontecido sempre que há uma crise humanitária grave, enviando ajuda alimentar de emergência que se resolve o problema da fome?
Parece que, no longo prazo, essa não é a suloção. Aliás, essa solução tem-se revelado especialmente perversa. Como essa ajuda entra gratuitamente nesses países, a agricultura local não tem qualquer hipótese. Para quê produzir bens alimentares se eles são distribuídos gratuitamente? Portanto, no longo prazo, a ajuda alimentar de emergência prejudica mais do que o que ajuda!
Será dando ou emprestando dinheiro sem juros, ou perdoando os juros dos empréstimos entretanto contraídos?
Esta solução vem sendo aplicada ao longo das últimas décadas, porém, o seu resultado tem sido igualmente devastador (aliás, vê-se pelo que tem sucedido!). O dinheiro fácil e barato tem servido para alimentar uma classe dirigente corrupta e sem escrúpulos que usa a miséria do seu povo como pretexto para ir buscar fundos que depois aplica em benefício próprio. Nalguns dos países Africanos nem há falta de recursos. Vêja-se, a título de exemplo, o caso de Angola: é um país riquíssimo, tem uma elite abastadíssima e, no entanto, o povo passa fome. Outro exemplo: o Zimbabué. Foi um país rico, capaz de alimentar o seu povo até que o seu presidente decidiu aplicar medidas de justiça social distribuindo as terras dos latifundiários pelo povo. Resultado: a enormíssima maioria da população passou a uma condição de dificuldade extrema. Poderíamos dar muitos outros exemplos. É, aliás, interessante notar que na generalidade dos países Africanos as condições de vida são hoje muito piores que o eram nos tempos coloniais. Será efeito da globalização? Basta olhar com atenção para perceber que não, foram os Mogabes, Mobutus, Eduardos dos Santos, enfim, foi toda essa elite dirigente (até ao desmoronamento do bloco de leste) que os destruiu, ora em busca de uma utopia absurda, ora em benefício pessoal.
O que é que, então, faria os países pobres terem condições para criar riqueza suficiente para alimentar os seus povos?
A resposta é tão simples que parece mentira: poderem vender os seus produtos em condições de igualdade nos mercados dos países ricos e serem governados por pessoas honestas, competentes e lúcidas.
Mas isso não acontece já?
Não, claro que não!
O que são a PAC (Política Agricula Comum, na UE) e as suas congéneres nos EUA, Japão e demais blocos comerciais senão restrições à possibilidade de os países mais pobres exportarem os seus produtos e assim criarem a riqueza de que necessitam para tirar os seus povos da fome?
E não são só as políticas agriculas, também há restrições à exportação de produtos manofacturados, bens culturais e serviços em geral.
Por isso deixem-se de hipocrisias! É fácil o pessoal juntar-se numas grandes festarolas, ouvir a música de que se gosta e gritar umas palavras de ordem. Até é fácil dar uns dinheiritos (assim uns milhares de milhões de dólares) mas já não é assim tão fácil aceitar fazer os sacrifícios que verdadeiramente tirariam essa gente da fome, pois não?
Ou não são os mesmos que se vão divertir para estes concertos aqueles que participam nos protestos anti-globalização que visam, precisamente, impedir a circulação de bens e serviços?
E, “já agora”, em vez de irem para Edimburgo, cidade bonita e aprazível nesta altura do ano, protestar contra os líderes do G8, vão protestar contra os líderes que realmente andam a matar pessoas à fome e não só. (Eu sei que não tem tanta graça, não tem tanto glamour...) Por exemplo o Mugabe, o Kim Jong Il e tantos outros.
Talvez não saibam, mas a política da Coreia do Norte (que por sinal é o oposto da globalização) conduziu a um extremo de fome e desespero que fez surgir o fenómeno canibalismo.
Que tal escolhermos o G8 (grupo dos 8) países em que os direitos humanos são mais violados e dirigirmos os nossos protestos contra os seus líderes?
Desde já deixo quatro propostas de países para a lista: Coreia do Norte, Sudão, Irão, Zimbabué.
Fico à espera de mais sugestões.

sábado, julho 02, 2005

Leitura de cabeceira

Talvez não acreditem,

mas tempos houve em que “liberal” não era um insulto. Há muitos anos, “liberalizar” significou, por exemplo, atenuar a censura e a repressão policial. Hoje, a maioria do público identifica “liberalização” com cortar subsídios e restringir regalias. Naturalmente, não gosta do liberalismo e muito menos dos liberais.

O uso de “liberal” ou “neo-liberal” para descrever pejorativamente as auto-correções do Estado Social tem sido muito útil aos interessados na manutenção do regime. A identificação do liberalismo como uma simples tendência sádica para cortar e restringir, permite-lhes evadir a verdadeira questão levantada a partir das tradições liberais: a possibilidade de elaborar um outro modelo social, assente na responsabilização dos cidadãos, e não no arbítrio do Estado. Infelizmente, os elementos não-socialistas da actual classe política não estão dispostos a assumir os debates necessários para desfazer o equívoco. Resta apenas um pequeno número de comentadores que, com um estoicismo quase incompreensível, não se importam de ser insultados ou ignorados. É pena. Porque seria interessante podermos finalmente dispôr, no horizonte da nossa política, de um liberalismo que não fosse o Estado Social contrariado, mas o contrário do Estado Social.

Rui Ramos in Diário Económico